a primavera chegou nesse ano todo esquisito.
era para eu estar contemplando as árvores floridas da ufg e da cidade como um todo, mas não dá, e se não dá, é melhor aceitar.
um dia dará.
enquanto isso vou dando um jeito de contemplar a primavera bem quieta aqui dentro de casa mesmo.
postal da obra Fascinação Pedro Peres, 1909
Pinacoteca de São Paulo
Vim aqui brincar com o anacronismo… resolvi ressuscitar o blog. Aliás, bloggers, vocês ainda existem? Onde estão? rsrs
Enfim, assim, com poucas palavras, anuncio meu retorno e deixo vocês com o meu mais recente trabalho. Uma aquarela bordada no tamanho a4.
Que esta minha paz e este meu amado silêncio Não iludam a ninguém Não é a paz de uma cidade bombardeada e deserta Nem tampouco a paz compulsória dos cemitérios Acho-me relativamente feliz Porque nada de exterior me acontece… Mas, Em mim, na minha alma, Pressinto que vou ter um terremoto
Eis que na manhã do último domingo me peguei contemplando os traços delicados e marcantes do rostinho da minha pequena.
Sou particularmente apaixonada por seus grandes olhos negros e seu cabelo encaracolado e caoticamente lindo.
Ela me disse esses dias que seu cabelo é formado por um monte de “molinhas”, me falou isso rindo, em tom de fascínio por reconhecer tal semelhança, eu sorri junto e completei dizendo que todas as molinhas de seu cabelo a ajudarão saltar e alcançar as estrelas.
Sim, Eleonora, você é linda e é delicadeza.
Obrigada por existir.
Obrigada por estar em nossas vidas.
Abaixo, mais fotos produzidas no quarto da Elê, durante nossa manhã de domingo.
Obs: Agradecimento especial ao papai da Elê, (nosso melhor amigo, nosso grande amor), por mantê-la calma e paciente para as fotos da insistente mamãe aqui. XD
Já tem tanto tempo que essas fotos estão aqui nos arquivos do blog esperando para serem publicadas que:
– Minha mudinha de Amor Perfeito já mudou de vazo duas vezes depois dessa foto.
– A muda de Lanterna Chinesa que a Elê estava plantando já dobrou de tamanho, brotaram várias lanterninhas, e hoje ela continua crescendo, todavia, meio doente. As folhas ficam o tempo toda murchas, (alguma dica?).
– Eu tinha acabado de ganhar a bolsa alaranjada desejo da Penguin Books, de uma doce amiga. Ela me deu a que tem a capa do livro O Grande Gatsby, do Fitzgerald. <3
Olá!
Tenho dando distante, não só daqui, mas de um monte de coisas… Andei perdendo o foco, ou melhor, redirecionando-o, (vamos ser otimista, certo?!).
Enfim, a vida aqui segue calma, meio morna, meio animada.
Esses dias fui ao centro de Goiânia comprar um livro para uma pesquisa que estou fazendo. O sebo onde encontrei o meu livro era desses onde quase não se vê um pedaço de parede livre. Todas as paredes eram cobertas de livro. Estava meio caótico. Tanto é que foi eu que encontrei o livro que eu queria, pois a funcionária estava meio perdida. rss
Eu achei caótico, mas achei lindo também. Resolvi fotografar. Fotografei.
Na volta pra casa, garanti meu almoço, nada saudável, eu sei (salvo o Fitzgerald ali no meio, que faz bem pro cérebro, coração e para alma), e confesso que pouco gostoso também. McDonald’s não é o meu forte. Já a coca-cola… <3
E depois do almoço para todo o resto do dia, fiquei admirando minha flor de cravo, cultivada num vaso na varanda desde que era uma singela sementinha…
Às vezes acontece de sentir uma pressão no peito da gente.
Algo que descompassa a respiração.
Tente buscar ar!
Mas é em vão!!!
Fadiga.
Um nó.
Que sobe até a garganta…
Sufocou.
Acho que perdi.
Passando aqui somente para compartilhar as fotos que fiz das minhas plantas nesse final de tarde de domingo, e especialmente, para desejar a todos vocês uma maravilhosa última semana do ano.
29/11/2016, a caminho de Brasília…
Da janela do ônibus via uma paisagem, que ora brilhava sob o sol forte, ora fica cinza em clima de chuva.
Enquanto sentada na poltrona do ônibus observando as nuvens, eu fui tomada por um sentimento incerto, a vontade de chorar tornou-se inevitável.
Sinceramente, no fundo eu previa que estava indo lutar por uma causa que já estava perdida, então, por quê ir?
Bem, eu sentia que tinha um dever comigo mesma de estar naquela manifestação, independente de qualquer coisa. Eu, e todos nós que lá estávamos, chegamos até lá com o intuito de darmos um único recado a esse governo perverso: não vamos aceitar passivamente o que vocês nos estão empurrando.
Sobre o protesto: não esperava tanta truculência, tanta violência da polícia.
Tinha gás e spray de pimenta para todos que estavam na esplanada…
Voltei para casa exausta, assustada, e o pior, ainda mais desanimada.
Sim, o cenário político me faz chorar (sério), e me faz sentir frio no estômago quase todos os dias.
Acho que nunca na minha vida me senti tão desanimada e tão sem esperança quanto ao futuro do meu país.
Mas enfim, o cenário é desanimador, mas temos que resistir!!!
E quanto à luta, creio que estamos apenas no começo…
A mim pouco me importa aberta ou fechada a porta, vou entrar.
E pouco me importa estar sendo amada ou não amada: vou amar.
Que a mim me importa tanto eu mesma e o sentimento, quanto!
A mim pouco me importa se a tua amada é doente, se a tua esperança é morta.
E me importa muito menos se aceitas solenemente a nossa vida parca e torta.
Porque a mim me importaria deixasse de ser eu mesma e a poesia.
A mim pouco me importa se a lira quebrou a corda: vou cantar.
E pouco me importa estar no picadeiro do circo: vou rodar.
Que a mim me importa tanto eu mesma e o sentimento, quanto!
A mim pouco me importa se estamos todos presos por uma invisível corda.
E me importa muito menos sermos todos indefesos ante o destino que corta.
Porque a mim me importaria deixasse de ser eu mesma e a poesia.
Yêda Schmaltz
Conheci as poesias da Yêda Schmaltz por um acaso, enquanto navegava em águas infinitas em busca de mais informação sobre minha pesquisa. Como num tropeço, me esbarrei nas palavras arrebatadoras dessa poeta que nasceu em Recife mas que viveu toda a sua vida aqui pertinho da gente, em Goiás.
Essa semana eu recebi uma mensagem linda, dessas de encher o coração da gente.
A mensagem na verdade era uma foto de um bilhete que uma pessoa, (uma doce amiga), escreveu durante o horário de trabalho. O bilhete continha apenas um parágrafo e para mim, um mundo inteiro de sentimentos.
Certo dia disse para essa amiga que ela não era aquela “coisa” negativa que ela estava afirmando ser. Falei de maneira natural, rápida, entre nossas conversas sobre livros e vida, (costumamos nos encontrar esporadicamente para conversarmos basicamente sobre o que estamos lendo e consequentemente acabamos conversando muito sobre a vida).
Todavia a minha fala continuou existindo na memória dessa amiga, continuou ali ecoando. Ao ponto dela se agarrar a essa fala nos momentos em que estava precisando de um pouco mais de força, ou de um respiro para quebrar o ritmo maçante da rotina no trabalho.
Saber que estou fazendo alguma diferençazinha na vida dessa pessoa me fez sentir plena. Cheia de vida.
Essa semana também recebi uma notícia maravilhosa, de uma outra amiga.
A notícia é maravilhosa, mas a forma como veio nos pegou de surpresa.
Tentei passar toda calma que tenho a ela, (sim, tenho muita calma aqui comigo), acho que deu certo.
Na mesma noite eu recebi dessa mesma amiga uma mensagem de agradecimento com um singelo “eu te amo” no meio.
Agora tudo está mais calmo.
Me senti plena.
Me senti enorme.
A semana ainda não acabou, não tenho ideia de como ela se finalizará.
Eu só sei que tenho que estudar ainda nos próximos dias… Andei me permitindo alguns longos dias sem tocar no material da minha pesquisa, e isso está me deixando de consciência pesada
E nessa semana comecei mais uma nova leitura, pelo que tudo indica, ela acaba essa semana também.
Ahh, e no final dessa semana assistirei Lago dos Cisnes, ballet e orquestra,com a Elê e o Inácio. Ano passado assistimos Dom Quixote, e posso garantir, foi esplêndido.
Aliás, creio que Master of None será a trilha sonora dessa semana.
Quero dançar essa música, quero viver dentro dessa música!
Já estamos quase em outubro, até então, já me envolvi em tantas histórias, tantos romances, tantas histórias bonitas, tantas histórias tristes, tantas histórias bonitas e tristes, e tiveram histórias alegres também.
Ao finalizar cada uma de minhas leituras eu sempre pensava: vou fotografar o livro, vou lá registrar tudo no blog…”
Bem, como vocês viram, aqui, não mais voltei. Fiquei apenas produzindo e colecionando fotos dos livros que li, e falando para mim mesma que logo, logo, voltaria para compartilhar.
Enfim, o tempo foi passando e nada fiz.Sobre Mrs. Dalloway.
O livro que tem um dos mais belos início e fim que já li em minha vida. Sério!
Mas a minha relação com esse livro nem sempre foi doce assim…
Faz muito tempo que eu o tenho, e estou certa de que quando o ganhei, li de imediato.
É um livro adorado para os que amam clássicos da literatura (e é exatamente aqui que me encontro), mas por que diabos eu não “senti” muita coisa através dessa leitura, ao ponto de não lembrar quase nada da história?
Retomei a leitura de Mrs. Dalloway para um projeto pessoal. Quando peguei o livro na estante e vi que ele não tinha NENHUMA marcação, logo percebi que tinha algo de errado ali.
Enfim, reli o livro, e… CÉUS, que livro é esse?
Chorei em algumas passagens… Sou assim, chorona com as letras. O livro é fino, tem quase 200 páginas e a história não poderia parecer mais banal.
A autora narra um dia na vida de Clarissa Dalloway, uma mulher rica, muito elegante, e que adora dar festas… E a simplicidade da história acaba exatamente aqui.
O livro é um mar sem fim de sentimentos.
Tudo começa quando a senhora Dalloway “disse que ela mesma iria comprar as flores“.
E ela vai comprar as flores, afinal, a casa tinha que está impecavelmente bem apresentável para os convidados. “Delfínios, ervilhas-de-cheiro, maços de lilases, e cravos, montes de cravos. Também rosas e íris…” (p. 19). Flores, era preciso muitas flores para dar aquela festa.
Mas, de quantas flores e quantas variedades da mesma seria necessário para expressar a delicadeza e profundeza da senhora Dalloway?
Não sei… Talvez a infinitude seja suficiente.
Há trechos nesse livro que simplesmente me arrebatam imensamente como:
” Uma mulher que se sentava em sua sala e fazia desta um local de encontro, certamente uma radiância para algumas existências opacas, um refúgio onde podia se abrigar os solitários, talvez ela havia incentivado homens, e eles se mostraram agradecidos; havia procurado ser sempre a mesma, nunca revelando nada de tantos outros aspectos de si mesma – falhas, ciúmes, vaidades, desconfianças, como nesse caso em que Lady Bruton deixou de convidá-la para o almoço; o que pensou (afinal penteando o cabelo), é de uma baixeza sem tamanho! Bem, onde estava o vestido?” (p.42).
A identificação foi completa, consigo me imaginar perfeitamente penteando o cabelo enquanto borboletas se agitam no meu estômago me lembrando do desconforto de não ser, se quer convidada, ou incluída em algo. Acho que todo mundo entende.
Aliás, creio que esse trecho aparece no filme As Horas (um dos meus filmes favoritos na vida), e no filme eu já tinha me comovido com o desconforto da personagem diante dessa situação.
Há várias outras partes no livro que me deixaram comovida, como a relação de amor e amizade da Clarissa Dalloway com Sally Selton, onde o narrador deixa claro que era um sentimento diferente do que se sente pelos homens. Era um sentimento de qualidade ímpar, que poderia existir somente entre as mulheres, mas que infelizmente, ambas as amigas, (ou todas a mulheres do período), no fundo sabiam que aquela relação intensa iria findar com a chegada do casamento:
” De sua parte tinha um aspecto de proteção; nascido da percepção de serem aliadas, de um pressentimento de que estavam destinadas a se afastar uma da outra (sempre falavam do casamento como sendo uma catástrofe), que levava a esse cavalheirismo, esse sentimento protetor bem mais forte nela do que em Sally.” p.39
Como não me comover?
O livro é uma completa imersão na sociedade inglesa do início do século XX, brutalmente marcada pela primeira guerra mundial.
Mas o fato é que para mim, o livro é atemporal (como costuma ser todos os grandes clássicos da literatura, talvez venha daí a genialidade dessas obras), ele traduz a sociedade daquele período, mas que, ainda hoje, não me impede de me identificar com todas as páginas do romance.
Esse livro é imenso e absolutamente lindo! E para finalizar, como eu disse lá no início, o livro inicia de maneira bela e se encerra de maneira plenamente bela também…
“O que é essa excitação extraordinária que toma conta de mim?
É Clarissa, disse ele.
Pois ali estava ela.” p. 196.
Virgínia Woolf, muito obrigada por ter narrado a vida por vias tão delicadas.
Amor infinito!
Obs: O post ficou imenso. Não faz parte do meu estilo (acho), mas no fundo, são as citações que são longas… E confesso que me parece um pouco difícil ser sucinta quando o assunto é Mrs. Dalloway. =}
Sigo me apaixonando por essa menina minha, chamada Eleonora. Sigo adorando receber pessoas. sigo adorando viver com flores.Sigo conversando incansavelmente com quem quer que seja, sobre literatura.
Sigo me impressionando com os grandes clássicos da literatura.
Sigo me permitindo ler um livro mais de uma vez. Sigo me reencontrando em dias silenciosos. Sigo bordando desenhos. Sigo pegando flores nas calçadas. Sigo tentando tecer poesias visuais.
Depois de tanto tempo, aqui estou eu de volta, cá estou eu relatando fragmentos dos meus dias novamente.