Dias atrás estava conversando com o Inácio sobre a dificuldade que tenho de me abrir com alguém e sobre o quanto, ao mesmo tempo, sinto a necessidade de me abrir completamente com outra pessoa além dele, mas… Não tem jeito, isso é de fato difícil para mim. Por fim, tudo continua aqui dentro, bem guardado.
Já fui melhor em me abrir… Nunca fui espontânea nesse aspecto, porém, não era tão fechada como hoje. Mas, sempre chega o momento em que simplesmente precisamos despejar um monte de palavras em cima de alguém. Falar não somente sobre os problemas (pois esses são os que clamam pela necessidade de ser compartilhados e confortados por alguém), mas também, sobre as coisas mais banais e fúteis, sem ter receio de ser mal interpretada.
Mas… Novamente, não tem jeito, as palavras não saem, e o pior (ou melhor), é que logo, logo passa a necessidade de compartilhar com alguém, todavia, os pensamentos ficam ali, te martelando por dentro, te lembrando que eles precisam ser canalizados, não importa a maneira.
Quando era mais nova, SEMPRE mantive um diário por perto. Certo dia, resolvi revisitar um dos mais antigos e rapidamente fiz uma volta no tempo. Fui jogada em um mar infinito de memórias, reforçadas por fotos, entradas para cinema e shows, enbalagens de balinha, panfletos… Tudo alí, colado nas páginas, devidamente datadas. Tudo alí, mantendo frescos dias distantes.
Infelizmente não foi uma boa viagem. Não que o que todas aquelas lembranças fossem exatamente ruins, sou eu que não sei lidar com o passado.
Então tomei uma decisão drástica e definitiva, queimei (literalmente) alguns diários e prometi a mim mesma que nunca mais iria voltar eternizar memórias através da escrita. Tempos depois descobri que queimei apenas alguns, pois encontrei uns três ou quatro na casa dos meus pais. Por qual razão não os queimei também, não sei. Talvez porque estavam perdidos na minha vida “organizada”.
Mas assim que me mudei e que passei a ficar mais tempo ainda sozinha (o que aprecio muito), decidi que iria tentar manter um diário novamente. Afinal de contas, o acúmulo de pensamentos estava pedindo para sair de dentro de mim e como já mencionei, não sou muito boa em falar sobre eles com outro alguém. Só que dessa vez fiz um combinado comigo mesma, que iria sempre, pelo menos tentar, escrever mais sobre a leveza da vida às angústias.
Porém, eis que derepente me vi sem uma agenda, ou caderno, ou qualquer outra coisa adequada para fazer dela um diário. Mas sabia que tinha na casa dos meus pais uma agenda de 2010 que o Inácio havia me dado e que eu nunca cheguei a usar. Eu a encapei com um lindo papel de presente que ganhei como presente do Inácio, (junto com outros presentes rsrs), no dia das mães de 2014. Hoje ela fica no banquinho ao lado da cama e muitas vezes anda pela casa comigo…
Confesso que não escrevo religiosamente todos os dias, mas estou adorando recuperar o bom ato da escrita “para si”. É terapêutico, alivia a alma, conforta o coração.